PUERTA 12: Saída para a vida eterna
passados 50 anos da maior tragédia do futebol argentino ninguém foi condenado.
Portão
que dava acesso à torcida visitante até a arquibancada Centenário
Alta do estádio Monumental de Núñez, domingo, 23 de junho de 1968
o superclássico seria a grande “atração” da noite, mas o que
realmente foi e será sempre lembrado são os 71 torcedores do Boca
que não conseguiram deixar o estádio, não com vida.
O
0x0 advindos de uma partida sem muita emoção, não demostrava nada
do que estaria por vir. A torcida visitante deixava a arquibancada e
descia as escadas quando, repentinamente, o fluxo de passos emperrou
em um funil formado perto do portão.
“Por
causa da pressão humana, aconteceu um efeito raríssimo: começamos
a sair do chão. Eu estava flutuando a quase meio metro sem poder me
mexer, até que em um certo momento essa pressão cedeu e começamos
a rolar uns por cima dos outros. Foi então quando meu melhor amigo,
Guido Von Bernard, morreu ao bater a cabeça em uma das paredes do
túnel.”
O
relato é do sobrevivente Juan Nicholson ao jornal La Nación neste
ano, ano em que a tragédia completou 50 anos. “Eu tive a sorte de
cair por cima de um corpo já estava sem vida, enquanto muita gente
caía em cima de mim. Só naquele lugar morreram cerca de cinquenta
pessoas.” Completou Juan.
A
Argentina vivia uma ditadura militar, incorporada na figura do
general-presidente Juan Carlos Onganía. E segundo algumas
testemunhas ouvidas durante o processo de investigação do que foi a
pior tragédia do futebol argentino, a polícia teria fechado o
portão para uma revista nos torcedores do Boca.
Tudo
porque a torcida visitante cantou a marcha peronista, o que era
proibido na época, em uma parte do jogo. Depois da tragédia a
torcida que perdeu 71 companheiros, por alguns anos entoou o canto
que dizia: “No
había puerta, no había molinete, era la cana que daba con machete”
(“Não
havia porta, não havia molinete (catraca),
era a bengala com facão"), alguns torcedores acreditam que o
nome escolhido pela principal torcida Xeneize (La 12) vem do
ocorrido, como forma de homenagear os companheiros falecidos.
Hoje
a Puerta 12 mudou de nome, se chama Puerta L, seguindo a ordem do
abecedário. Porem a entrada é a mesma e somente uma placa na parede
do estádio relembra as vítimas do acidente.
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